“Gorduras” – não são todas iguais

Na tentativa de prevenir/reduzir a obesidade, surgiram num passado recente, várias diretrizes apontando a necessidade de adotar uma dieta baixa em gorduras. Porque é o macronutriente com valor calórico mais elevado, 9 Kcal/g (proteína e hidratos de carbono contêm apenas 4 Kcal/g), foi fácil justificar a sua contribuição no aumento de peso. Consideradas as vilãs e apontadas como a principal causa de doença cardiovascular (que continua a ser a primeira causa de morte em Portugal e no mundo), o seu consumo passou a ser temido por todos. Porém, o tempo diz-nos que estas conclusões não são completamente efetivas, uma vez que, estudos mais recentes vêm mostrar que este tipo de dietas, compensado com o aumento do consumo em hidratos de carbono, provocam diminuição do colesterol HDL, assim como, o aumento dos trigliceridos, ambos fatores de risco para as doenças cardiovasculares.

Sabemos que uma alimentação que tem por base gordura saturada presente na manteiga, queijo, carne e produtos cárneos (enchidos, hamburgers, etc.), leite e iogurte gordos, bolos e pasteis, banhas, margarinas solidificadas e gordura trans (que é uma gordura polinsaturada que sofre um processo de hidrogenação, realizado pela indústria de forma a aumentar a data de validade e consistência do produto), presente em óleos para fritura e panificação, utilizados em biscoitos, produtos de confeitaria e produtos lácteos tem uma ação oxidante e inflamatória no nosso organismo, que eleva os níveis de colesterol total, e em particular o colesterol LDL.

No entanto, as gorduras não são todas iguais.

Gorduras insaturadas, nomeadamente ácidos gordos monoinsaturados, presentes no azeite, abacate, óleo de frutos secos (amêndoas, avelãs, nozes, etc.), ácidos gordos polinsaturados da família Ómega 3, que podemos encontrar no salmão, cavala, arenque, truta, ou nas nozes, sementes de colza e linhaça, assim como, os ácidos gordos da família Ómega 6, encontrados nas sementes de girassol, sésamo, nozes, soja, milho (e respetivos óleos), quando consumidos em proporções adequadas, possuem uma ação anti-inflamatória no nosso organismo.

Desta forma, as evidências atuais apontam para a necessidade de conhecimento das diversas fontes de gordura, de forma a efetuarmos escolhas acertadas.

Embora com igual valor calórico, será diferente ingerir um pacote de batatas fritas, ou um punhado de avelãs. Qual seria a sua escolha?

Patrícia Soares – Nutricionista – (2941N)

7 de Novembro de 2016